LEITORES

sábado, 31 de março de 2012

JANELA SOBRE O MAR

Não está cravado num só lugar.

As montanhas e as árvores tem o 
mesmo destino na raíz; mas o mar se foi,
como nós, condenado a vida vagabunda.

Ares marinheiros:
nós, homens da costa,
não apenas de terra.


E sabemos disso muito bem,
mesmo que a gente não saiba,
quando vamos navegando nas ruas
da maré da cidade,
de café em café,
através da bruma viajamos
rumo ao porto
ou ao náufrago
que espera por nós 
esta noite.

segunda-feira, 26 de março de 2012

CHAMA DESPIDA

Cansa-me ser o irreal personagem;
Cansa-me ser a lira comedida;
Cansa-ser o homem áustero;
Cansa-me ser a poética tragédia.


Tudo que vivo é ilusão;
E a vida é a vigilância da morte,
Minha vida está cheia de tudo,
O destino poético é a solidão.

Mas estou cansado... quero 
descansar!

Descansar dos exageros líricos
e dos  labirintos poéticos.

E nestes versos de angústia
sobre-humana; nem a forma,
nem o instante contém 
minha chama despida...